Junto com o entardecer, sob o céu cinzento do outono, vagando sozinho, sem rumo, sem prumo, sem sono, descobri pedaços de mim perdidos na imensidão. Como folhas secas ao vento, perdidas no pensamento, encontrei pedaços de versos, (di)versos pedaços de mim.
Poesias descoladas ainda na mocidade, versos sem compromisso num tempo de felicidade, poemas de saudade, (di)versos pedaços de mim pelo caminho. Versos que nasceram solitários, versos sem razão, versos feitos como companhia em noites de frio, versos que apontavam a direção.
Pedaços de mim encontrei por aí, pedaços (di)versos, sem cor, sem sabor, versos de dor, lágrimas perdidas em palavras e lamentos, versos vertidos nos piores momentos. Pedaços de mim sob o céu, pedaços (di)versos pelo mar, num emaranhado de emoções, cacos do meu coração traduzidos em palavras, às vezes em canção.
Pedaços de mim encontrei por aí, nos muros, em quartos escuros, em folhas de caderno esquecidas, cartas mal escritas, poesias adormecidas. Pedaços de mim em rascunhos e afins, em paredes riscadas de giz, em papéis pelo chão, pedaços (di)versos que fiz para aplacar a solidão.
Pedaços de mim encontrei por aí, vagando perdidos, por vezes esquecidos, pedaços (di)versos entristecidos, pequenos pedaços de mim, um pequeno livro sem glória, mas (di)versos repletos de emoção, a poesia que trago na memória: era uma vez, uma palavra, um verso, pequenos pedaços da minha história.
Jose Fernando Pinto