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JUCKLIN CELESTINO FILHO

A ROSA ( 1989)

Rosa-menina,

Botão em flor,

Tão pequenina,

Cadê a rosa,

Que teu cabelo,

Com tanto zelo,

Embelezava?

E te enfeitavas,

E da varanda 

De tua casa, sorridente

E fagueira,

Cheia de sonhos

Que no peito embalavas

Linda e cheirosa,

Querida Rosa,

E espiavas

A tarde que findava!

 

Rosa-cheirosa,

Que te engalonavas

Com tanta graça --

Tanta ternura

No olhar que expressava

O estado d\'alma -- tão 

Harmonioso, o coração 

Em festa, transbordante

De alegria,

Por que deixaste

Murchar a rosa,

Que te enfeitava

Os negros cabelos

\"Nas manhãs fagueiras,

Risonhas e belas\",

Quanto te preparavas,

Sorrindo à vida,

 Festejando   um  novo dia?!

 

Rosa-querida,

Passou o tempo.

E por  pirraça,

Da inocência tua

Tirou a graça, 

E a flor

Tão bela,

Pura e singela,

Como essas flores

Que nascem no campo

Ao sabor

Do vento

E logo esmaecem,\'

E em agruras -- sonhos fenecem,

E dos esplendores -- 

Morrem os anelos;

De  desencantos -- amores 

Mais puros e belos,

Na confluência

Do tempo, que a tudo fenece 

E transforma,

Assim

Como despetala

Morre toda flor

Que adorna o jardim

Da vida!

 

Amada Rosa,

Perdeste o viço 

Da juventude!

E com o passar

Do tempo,

A beleza

E a virtude

Se foram na correnteza

Dos dias,

Levando a inocência tua!...

Qual colibri,

Pousaste na inconsistência 

De outro galho

A que não devias preferir!

 

Rosa-mulher,

A mais linda flor,

Mesmo fanada

Pela invernada

Dos vendavais

Da vida,

Dentre as flores 

Do jardim da existência,

És a mais formosa,

Sempre por todos preferida,

Porque se veste,

Rosa querida,

De  simplicidade e  elevado amor!

 

Seja no prado,

No relvado,

No monte,

Na fonte,

Na serra,

Seja no galho,

Pelo orvalho

Despetalada,

Ou adornando

Algum jarro,

É sempre uma flor 

Tão delicada,

Ornando tudo que a cerca,

Vencendo canhões,

Pois seus pendões

É não fazer a guerra!