Rosa-menina,
Botão em flor,
Tão pequenina,
Cadê a rosa,
Que teu cabelo,
Com tanto zelo,
Embelezava?
E te enfeitavas,
E da varanda
De tua casa, sorridente
E fagueira,
Cheia de sonhos
Que no peito embalavas
Linda e cheirosa,
Querida Rosa,
E espiavas
A tarde que findava!
Rosa-cheirosa,
Que te engalonavas
Com tanta graça --
Tanta ternura
No olhar que expressava
O estado d\'alma -- tão
Harmonioso, o coração
Em festa, transbordante
De alegria,
Por que deixaste
Murchar a rosa,
Que te enfeitava
Os negros cabelos
\"Nas manhãs fagueiras,
Risonhas e belas\",
Quanto te preparavas,
Sorrindo à vida,
Festejando um novo dia?!
Rosa-querida,
Passou o tempo.
E por pirraça,
Da inocência tua
Tirou a graça,
E a flor
Tão bela,
Pura e singela,
Como essas flores
Que nascem no campo
Ao sabor
Do vento
E logo esmaecem,\'
E em agruras -- sonhos fenecem,
E dos esplendores --
Morrem os anelos;
De desencantos -- amores
Mais puros e belos,
Na confluência
Do tempo, que a tudo fenece
E transforma,
Assim
Como despetala
Morre toda flor
Que adorna o jardim
Da vida!
Amada Rosa,
Perdeste o viço
Da juventude!
E com o passar
Do tempo,
A beleza
E a virtude
Se foram na correnteza
Dos dias,
Levando a inocência tua!...
Qual colibri,
Pousaste na inconsistência
De outro galho
A que não devias preferir!
Rosa-mulher,
A mais linda flor,
Mesmo fanada
Pela invernada
Dos vendavais
Da vida,
Dentre as flores
Do jardim da existência,
És a mais formosa,
Sempre por todos preferida,
Porque se veste,
Rosa querida,
De simplicidade e elevado amor!
Seja no prado,
No relvado,
No monte,
Na fonte,
Na serra,
Seja no galho,
Pelo orvalho
Despetalada,
Ou adornando
Algum jarro,
É sempre uma flor
Tão delicada,
Ornando tudo que a cerca,
Vencendo canhões,
Pois seus pendões
É não fazer a guerra!