Perecendo, mumificados, apodrecendo hirtos.
Em uma nave que afunda lentamente na escuridão.
Aglutinados, amotinados, escravizados, convictos.
À luz de velas, desocupados, traídos pela presunção.
Sobre o instinto natural, lutar e sobreviver.
A esperança que se desmancha.
Demoramos muito para perceber.
O lento caminhar sobre a prancha.
Essa ração envenenada que é servida diariamente.
Esses anúncios que entorpecem os sentidos.
Realidade paralela que desidrata nossa mente.
O lixo apelidado de música que apodrece os ouvidos.
Alucinados por consumo, almas sem rumo.
Zumbis viciados, fios desencapados, pobres coitados.
Da confusão a imagem, da torpeza o resumo.
Passageiros da noite sem fim, da luz para sempre desgarrados.