Romárico Selva

Carniceira.

Ó ínfima e hipócrita mulher carniceira

Me arremessaste em flancos e teias de lava ardente

Aprisionaste todo raciocínio de minha mente

Como uma cruel e medieval feiticeira.

 

Usaste de teus rubros jogos amorosos

Belos, atraentes, no entanto, fatais.

Deliraste com meu sofrimento cada vez mais

Rasgando-me com teus chicotes impiedosos.

 

Mas algo existe que, moralmente, me conforta

O saber da fraqueza do imortal espirito

E que a carne forte, o aço corta.

 

E enquanto estiveres viva sobrar-me-á uma alegria

A de que a cada nova luz, a cada novo dia,

Aproxima-se mais a hora em que estarás morta.