Victor Severo

Miragem.

Tua lembrança que me invade.

Todo santo dia, no fim da tarde.

E me consome, rosto sem nome.

E me tortura, parece fome.

 

Que me emudece, total silêncio.

Que vai do centro ao arrabalde.

Que dói por dentro, no pensamento.

Me engana sempre, tremenda fraude.

 

Mata queimando, terra molhada.

Que me agonia, a fantasia.

Levando tudo, deixando nada.

O fim dos sonhos, lápide fria.

 

Furta meu sono, vil debochada.

Come minha carne até se fartar.

Me abandonando, pobre sem nada.

Deixando a loucura em seu lugar.