Alexandre Silva

UM POEMA PARA UM OLHAR

 

UM POEMA PARA UM OLHAR

 

Por dentro de dois espelhos sorrimos um para o outro. Parecíamos tão distantes, e unidos fomos pelos reflexos... reflexos de desejos:

de paixões;

de amores;

intenções...

 

De dentro de um partiu a vontade de ser feliz.

De dentro do outro entrou o medo de se permitir.

 

Por meio de dois olhos sorrimos um para o outro. Pareceu-nos estarmos tão pertos, e fomos separados pela realidade que nos cerca:

nos arremessa;

nos derruba;

intenções...

 

Da parte de um: sentimentos diretamente ligados ao seu objeto de desejo.

Da parte do outro: a vontade de agarrar-se e jamais largar o tal sentimento lhe direcionado.

 

Um poema para um olhar de encantos diante do espelho encarnando os desejos de quem os encara, narra a trajetória e seus feitos:

de paixões;

de amores;

intenções...

 

Um olhar sobre um horizonte de possibilidades

que nos faz mergulhar num oceano de desejos

capazes de nos fazer transcender a nós mesmos:

 

 

vontade de brilhar?

Um olhar tem;

vontade de chorar?

Apenas quando lhe convém;

porque, de verdade, há vontade de encarar seu medo

pelo tanto de desejo que lhe sucumbe todos os dias.

 

Um olhar em direção à rua pensando estar nua aguardando o seu amor chegar:

intenções de serem felizes;

intenções de jamais abrirem mãos do que julgam ser a tão esperada... realização(...):

 

olhares que se assemelham ao sol;

olhares que se aproximam da lua;

olhares que tentam unir dois astros;

para conseguir clarear a vida sua.

 

Um poema para um olhar de vislumbre:

mas que se firma por si só no que sempre sonhou conquistar;

que sempre buscou para si o concreto direito de amar;

e, fazendo uso da ousadia lhe permitida, errou por tentar;

porém, não desistindo da sua luta, levantou-se e se pôs (novamente) a caminhar.

 

Olhar de guerreiro que lutou pelo seu sonho;

Olhar meigo de trocas intensas e de desejos avassaladores;

Olhar impactante que remove a maldade e esbanja a pura alegria;

Olhar distante que sempre pensa estar perto de quem (sempre) afirmou amar:

 

um poema para um olhar

                                  que se pôs a chorar

                                            diante de um espelho

                                                              que refletiu para si

                                                                            o resultado da sua

                                                                                                       caminhada.