JUCKLIN CELESTINO FILHO

DESCASO DO PODER PÚBLICO

 

 

Que  pouca vergonha!
Enquanto nas grandes cidades
Há  banquetes por aí  afora,
E os preciosos mimos
Nos balcões  ostentatórios afloram,
Um grito de dor
Dos miseráveis
Pelas calçadas  ecoa
Num cortejo triste, melancório,
De amontoados
De corpos sem identidade,
Sem rosto,
Massas esfarrapadas
De indigentes
Que, enlouquecidos
De sofrimentos
Perderam a fé, a esperança,
E entregues à fome que mata,
Que enlouquece,
Que humilha,
Comem restos de lixo,
Ou vivem da benevolência
De algumas almas caridosas
Que lhes dão  alguns trocados !...
Assim, desalentados,
Vão  seguindo  sua sina
Em trapos enrolados ,
Qual molambo
Dormindo como bichos
Pelos  cantos jogados.
Se alguma autoridade  os vê,
Faz ouvido  de mouco --
Passa ao largo.
Um questionamento
Impõe-se aos governantes:
Esses órfãos  de auxilio
Do poder  público,
São pessoas  ou bichos?!