Alexandre Silva

LIRISMO À PANDEMIA

 

LIRISMO À PANDEMIA

 

[um lirismo pandêmico:

mascarado e envolto ao álcool em gel.

Assim, “protegido”, segue contaminando

as mentes de todos que se permitirem à infecção]

 

Aterradoras situações

nessa desconfortável vida

de atribulações diárias

que nos sucumbem e nos deixam sem guarida

 

Como se não nos bastassem os tantos problemas nossos de cada dia

ainda nos apresentam a uma tal pandemia que nos remonta um caos já vivido em outrora ocasião e agora em uma nova roupagem nos vem desolar o coração:

 

tantas horas de agonia e desespero...

 

tantos dias de caos e desesperança com o aumentar frenético de vidas perdidas: letárgicos e desoladores números insensíveis.

 

tantas semanas de desinformações e aproveitamentos diversos de sofrimentos alheios...

 

tantos meses de sofrimentos, perdas e dores...

 

tantas pesquisas envoltas de uma politicagem medíocre aproveitadora das mais diversas condições de um povo: que seguindo sofrendo permaneceu lutando.

 

tantos momentos de pura desilusão desse mesmo povo...

 

tantas vidas perdidas...

 

tantos corações nas mãos...

 

Solução?!

Nem de longe se via.

Até que um dia umas tais \"vacinas\" surgiram, e delas outras tantas,

que de nada serviram por um bom tempo, além da nojenta,

porém, bem conhecida: politicagem, que escalava os corpos

já deitados no berço da eternidade, sem ar...

 

Vírus silencioso:

calmo;

sereno;

tranquilo: mas, ele não era Jesus... não veio “fazer milagres”, apenas, vidas levar.

 

Não nos fazia sentir descanso em nosso viver;

Não nos conduzia ao seio da liberdade celestial com Deus;

Não nos fazia deitar em uma rede preguiçosa para descansarmos;

Não nos permitia ouvir os pardais a cantar alegres e livres a voarem num lindo céu azul de esperanças e felicidades...

 

Escondeu os nossos sorrisos... Máscaras miseráveis!

 

Sem alegrias:

felicidades nem se cogitou;

alívios apenas para alguns;

outros nem tiveram tempo, apenas dor.

 

A morte: certa para milhares!

A morte: utilizada como bandeira política!

A morte: superando a vida!

A morte: confrontando a fé!

A morte sendo o passaporte para o “além-mar”, e incertezas e desolações sobrando para os que ainda ficaram na fila da desesperança.

 

Por meio do tal vírus os homens brincaram de serem deuses das vidas dos que buscaram na religião um alívio para o seu coração:

não dispunham de melhores condições físicas, mentais e financeiras para lutarem e bancarem os possíveis tratamentos mais eficazes;

vidas foram reduzidas a uma mera contagem numérica supostamente forjada e trabalhada sob manipulação em prol do terror e caos sociais.

 

Banalizadores da VIDA, buscando lucros reais por isso tratando pessoas como sendo piores do que animais, enquanto que todos nós já sabemos que nem eles são merecedores de tanto descaso e desamor:

ardor;

pavor;

dor!  

 

Pandêmico estado in vitro

num espectro de inaptidão

do ser que passou a habitar.

Pandemia assassina, que é fina no trato, que de um jeito sorrateiro vai deitando alguém no leito até chegar ao seu descanso eterno, terno e sereno sem sequer ter solicitado teve a sua vida ceifada de um jeito bem “educado”, e armado de pura solidão e descontento ficaram seus familiares a chorarem sem alento.

 

Contudo, ainda nos restou uma alegria em meio ao caos:

felicidades travestidas

de meios sorrisos

ao ver-se mais uma vida

escapando de um tal vírus que,

de repente, mudou o que se conhecia por \"rotina\".

 

E agora todos nós somos “especialistas” capacitados a lidar com o que nem sequer sabemos ainda: bem-vinda, vontade de viver, pois, o que de repente nos pegou logo irá desaparecer e você voltará (de novo) ao lugar que sempre foi seu: VIDA!