Marçal de Oliveira Huoya

Cúmplices

 

Eu te amo tanto,
Tanto, tanto, tanto,
Que acho que esse amor,
Já passou do ponto,
Como um abraço bem apertado,
De quem quer se misturar,

Estando já misturado,
Em um único ser,
Sem deixar de ser,
Sendo nós eu e você,
Um abraço de afogados,
De quem quer se afogar,

De quem quer se salvar,
Mas que não naufragam,
E vão viver abraçados,
Não,
Não vão morrer naufragados,
Como eu posso dizer,
O que não posso explicar,
O que não pode se ver,
Em cada gota de suor,
Em cada lágrima ou humor,
E se isso não for amor,
Alguém tem uma explicação melhor?
O corpo tendo a necessidade,
De o outro estar presente,
De olhares de cumplicidade,
Algo que dói,
Sangra invisivelmente,
Fere e incomoda,
Profundamente,
E que não sai de moda,
Esse amor é foda,
Perdoem os moralistas,
Lembra quando respiro,
Que se esquece de ser egoísta,
E seja pra que lado me viro,
Ele está aqui, ele está lá,
Ele está em todo lugar,
Aqui e agora,
Querendo se chegar,
Um amor que nos implora,
Vai, me deixa viver,
E se a gente não deixar,
Ele nunca irá embora,
Mas vai precisar de mim,
Também de você...