Não perca seu precioso tempo comigo.
Me impingindo adulações, me chamando de amigo.
Pela fresta da porta da vida espiei o que você quer.
Um pontinho escuro na estrada, é isso que você é.
Dorme com todos os outros e alega sonhar comigo.
Frequenta palácios, mas para se esconder, procura meu pobre abrigo.
Com seus pares se delicia desprezando meu desejo.
E a mim oferece as sobras, o sujo e impuro sobejo.
Quando eu imploro por água, tu me ofereces vinagre.
Rastejando em maldição, me tomando por milagre
Se farta em ricos banquetes, rejeitando minhas migalhas.
Me iludindo com promessas e mentiras ordinárias.
E assim sigo tentando a todo custo deixar.
Esse mal que me escraviza, isso que eu chamo de amar.
Ensaio todo o tempo, o desatar do nó, um novo recomeço.
Mas caio de novo na armadilha sórdida do meu auto desapreço.