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Marina Silveira

Lua Cheia

Cintilantes sonhos intermináveis

Que resgatam memórias de desacontecimentos

Que aconteceram e acontecerão

Em algum espaço-tempo

O qual o tempo revela para cada espaço

Momentos de durabilidade duvidosa

Nunca sei onde começa

Nunca sei onde acaba

E se eu começar a saber

Acabarei mergulhando em

Uma onda de nostalgia frenética e violenta

Que carrega todos os frágeis sentimentos de estar viva

E por aguardar um fim qualquer

Eu giro em uma dinâmica

De quem nunca viu um mundo parado

E tem medo da estabilidade

Temendo a ausência da mudança

Por isso caro leitor

Vivo com as mãos quentes

Porque sei que um dia estarão frias

E isso, nada mais é

Do que a mejestosa entropia do universo

Sendo empregada de uma lei maior

Desconhecida e rebelde

Receio que foi esta que cochichou

Nos ouvidos de Leminski

Para que ele previsse que

Isso de querer ser exatamente

Aquilo que a gente é

Ainda vai nos levar além

Pois eu digo

Sou o além do que já posso ser

E meu ser já abandonou o que sou

E o que sou agora é divino

E o divino

O divino é imprevisível