Cintilantes sonhos intermináveis
Que resgatam memórias de desacontecimentos
Que aconteceram e acontecerão
Em algum espaço-tempo
O qual o tempo revela para cada espaço
Momentos de durabilidade duvidosa
Nunca sei onde começa
Nunca sei onde acaba
E se eu começar a saber
Acabarei mergulhando em
Uma onda de nostalgia frenética e violenta
Que carrega todos os frágeis sentimentos de estar viva
E por aguardar um fim qualquer
Eu giro em uma dinâmica
De quem nunca viu um mundo parado
E tem medo da estabilidade
Temendo a ausência da mudança
Por isso caro leitor
Vivo com as mãos quentes
Porque sei que um dia estarão frias
E isso, nada mais é
Do que a mejestosa entropia do universo
Sendo empregada de uma lei maior
Desconhecida e rebelde
Receio que foi esta que cochichou
Nos ouvidos de Leminski
Para que ele previsse que
Isso de querer ser exatamente
Aquilo que a gente é
Ainda vai nos levar além
Pois eu digo
Sou o além do que já posso ser
E meu ser já abandonou o que sou
E o que sou agora é divino
E o divino
O divino é imprevisível