Anjo morto
Até ao morrer sua morte foi poética
Se debateu
E se debateu nas águas
Águas traiçoeiras e nebulosas
Um anjo de asas brancas
Tão breve sua visita
Como anjo tu foi
Me culpo e me culpo
Tão linda...jazia nas águas
Nesse dia até os anjos celestiais choraram
Jorrava uma chuva
Um torrencial
Neste dia, os anjos choraram comigo
Ao te teverem ali desamparada e entregue a sua própria sorte
Quando o socorro chegou
Ah, nela já não havia sinal de vida
Meu doce anjo, apenas seu corpo ali residia
Cheguei tarde e não mais podia
Te dar meu sopro da vida
Morte tão devastadora
Como um furacão levou-a
Para longe de meus braços
Oh... Nunca uma morte foi tão poética
Asas esticadas
Pele gelada
Tão fria...
Tua cor corada, se foi
Eu tentei
Tentei
Te reanimar
Mas, tudo em vão
Para longe de mim e junto dos anjos
Tu se foi
Cantar com eles
Cante com todos eles
Meu anjo morto
Cante com toda seu horda
E, aqui ficarei
Sozinho ficarei
Sem redenção
Ficarei aqui
Neste cemitério
Visitando e visitando teu túmulo
Chorando e chorando
Implorando...
Por favor...não me deixe!
Mas meu anjo está morto e com ela toda minha esperança.
\'Labios, nesta pele de porcelana, fria, gélida...
Meus lábios, teus lábios
Oh, apenas por esta vez
Lábios gélidos, mas macios
Nem parece morta
Parece tão viva
A morte te favorece
Linda, jovem e macia
Um beijo, com um beijo, queria, que tu despertasse, como um doce conto de fadas
Mas, beijos não são milagrosos
Somente, repousou um único e trêmulo beijo.
A morte te favoreceu, mas me condenou.
A este inferno
Onde te vi ir, triste e sozinha
Teus gritos ao vento
Queria ter sido o vento
Agora, sou desalento.