Hoje depois de algum tempo, senti necessidade de escrever. Sem nenhum texto novo por meses, de repente veio a fome de palavras, de poesia, de desenhar um pouco de sentimento em forma de texto.
Mas sem um tema pronto para escrever, resolvi discorrer simplesmente sobre(viver). Viver é um vício, deveras difícil, viver é ofício, sacrifício, sei lá, eu quero mesmo é sobreviver, até dispenso compreender.
Se viver fosse fácil, não haveria poesia, a vida seria apenas um roteiro preenchido entre o nascer e o morrer, sem emoções, sem sonhos, sem sentido para sobreviver.
Se viver fosse leve, a vida seria tão breve, sem as quedas, decepções e cada uma das lições que a vida insiste em nos oferecer. Vida leve, sem graça, vida que passa e deixamos de aprender.
Se a vida fosse apenas florida, sem o deserto da solidão, sem os ventos que nos levam ao chão, seria uma vida sem estações, sem o calor do verão, o sabor do inverno, e a beleza que nos traz o outono com suas folhas no chão. A primavera não teria tanto sentido, seria um mundo florido, mas um mundo sem emoção.
Se a vida fosse um silêncio absoluto, sem gritos, sem choro e até palavrão, a vida seria um vácuo, sem música, sem dança, sem nenhuma percepção. A vida precisa de som, por vezes soluços, relâmpagos, trovões, a vida é um grito em cada garganta, vida que pulsa, que canta, que alegra os corações.
Se a vida fosse, sei lá, um pedaço de madeira perdida, um peixe perdido no mar, um passarinho a voar, se a vida fosse apenas recitar, ah que bom seria, eu viveria de poesia, sobre o céu, sobre o mar, sobre(viver) e deixar a vida me levar.
Jose Fernando Pinto