Vlad Paganini

TRAVESSAS

TRAVESSAS

 

Através de minhas travessas recrio canções

Sangro meus desejos

Alcanço Deus!

Através de minhas ruas encontro meu sorriso

E em minhas janelas acendo o meu luar

Rasgo vísceras, ilumino meu amar

 

Em minhas travessas e em minhas janelas

Dilacero em tuas paralelas os meus versos  

Estalo minhas mãos e cruzo meus dedos

Para alcançar Deus nos confins do Universo!

 

Percorro estradas, travessas e ruas 

E dentro do meu vilarejo não durmo

Permito-me a fantasia, os sonhos

Atravesso ondas e mares

Devasso lugares

 

Somente para alcançar Deus e tua alma e teu corpo

Me desnudo em mundos e fundos em todos os sons dos espaços

Gozo em pensamentos ao sentir teu suor encharcando

Em cada milímetro da minha pele e dos meus becos em pedaços

 

Crio chuva nos céus pra despejar e descarregar a chuva

Em forma de garoa morro e renasço

Me encharco de sol

E visto o meu corpo e o teu em tempestades

E com o perfume da tua terra que encharca em meu jardim

Como vento na relva

Sacio toda a minha saudade 

 

Dentro da minha rua transformo-me em rastro de luz      

Me transformo em flor, terra vermelha

Arranco tuas raízes negras do teu semblante

E te convido ao caminho da minha estrada

Em todas minhas travessas e ladeiras

O libertar de tuas tristezas

 

Te convido a encontrar Deus!

Na minha rua

Na minha chuva

No calor do meu cio

No tempero dos meus lábios

Na febre do meu útero

Sentir dentro do meu vento o teu gemido

 

Descalço em minha nudez

Sopro na brisa

Sussurro em teus ouvidos  

Te chamo a encontrar Deus na minha vida!

Tirar-te da tua agonia

Refazer o teu sorriso

Caminhar e mergulhar comigo dentro da minha poesia!  

 

Vlad Paganini

 

No silêncio de nós mesmos guardamos por muito tempo

Travessas trancos e barrancos

Viajamos por um caminho ou outro

Impedindo-nos de viajar um através do outro

 

Hoje a saudade nos toma

Aterrissando o teu tempo no meu vento

O sol queimando na chuva na liturgia das horas

Queimando em tuas têmporas

O meu corpo encharcado em teu rosto aceso!

 

Todos os direitos autorais reservados 

Fundação Biblioteca Nacional