Sou negro, sim!
Arrancaram-me de minha nação
A ira, desceu sobre mim
Deram-me à servidão
Escravidão, a qual não esqueço
A noite pesa, eu a carrego e é meu pecado
Tatuou-se em minha pele como adereço
Minha pele não é livre, é ré, portanto sou condenado
Não grito pela dor, mas pelo olho que a mim fere
Sem estrelas, sempre foi o meu mundo
Sou da noite, de alma alva como neve
Meu sangue é vermelho, não imundo
De minha cultura tenho orgulho
Canto, danço, formamos esta terra
Negro, é o olho que a mim tortura
Se sou preto, sou branco, amarelo, não sou impuro
Disso tudo, o que realmente importa
É a nobreza do humano, que diz não a guerra
Ou à negritude da alma impura, que lhe dá as costas
Ema Machado 19/11/2020