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Ema Machado

O peso da noite..

 

 

Sou negro, sim!

Arrancaram-me de minha nação

A ira, desceu sobre mim

Deram-me à servidão

 

Escravidão, a qual não esqueço

A noite pesa, eu a carrego e é meu pecado

Tatuou-se em minha pele como adereço

Minha pele não é livre, é ré, portanto sou condenado

 

Não grito pela dor, mas pelo olho que a mim fere

Sem estrelas, sempre foi o meu mundo

Sou da noite, de alma alva como neve

Meu sangue é vermelho, não imundo

 

De minha cultura tenho orgulho

Canto, danço, formamos esta terra

Negro, é o olho que a mim tortura

Se sou preto, sou branco, amarelo, não sou impuro

 

 Disso tudo, o que realmente importa

É a nobreza do humano, que diz não a guerra

Ou à negritude da alma impura, que lhe dá as costas

 

Ema Machado 19/11/2020