CHORAR DE BARRIGA CHEIA
(Dueto com Herculano Alencar > Vide mais abaixo)
Tu choras que te falta inspiração...
É o choro do poeta enfastiado.
De rimas, vives tu em abonação;
Não sofres como eu, um desgraçado,
Que luta e luta para pôr num texto
O sopro inspirador que vem à mente;
Mas, poeta ruim e \'inda bissexto,
Com a poesia, acabo inadimplente.
Quem tem a verve desse teu jaez,
Não sofre, como eu, da aridez
De três desertos juntos, três Saaras.
Devias, isto sim, pedir a Deus
Que dê, \'inda que um pouco, aos versos meus,
O brilho que aos teus dá, e que achincalhas.
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PROCURA-SE UMA POESIA.
Herculano Alencar
Há mais de uma semana que espero,
Mas a inspiração não bate à porta!
Nem mesmo uma rima pobre e torta
Ao som de um tico-tico ou quero-quero.
Já são catorze dias (que importa!)
E nenhum par de rimas me seduz.
Resta-me requentar o que compus
Ou invocar alguma língua morta:
Latim? Quem sabe Deus, o grego antigo?
Não sei honestamente se consigo,
Quiçá seja melhor parar de vez.
Já são quatro semanas e um dia.
Se alguém me enviar uma poesia,
Que o faça, por favor, em Português.
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