Que bandeira havemos
De hastear na \"gávea\"?
Dizem que \"nossa bandeira
Jamais será vermelha\".
Mas é rubra de vergonha
De tanto sangue derramado
De irmãos
Da \"Patria Amada Brasil\"!
Chora , geme,
De dor -- freme
A brisa!
Não mais o anelo
De um cantar
Vibrante e belo,
A sussurar
Na tarde amena,
Ao vento errante acena
A musa que, encimesmada
E triste,
A medo assiste,
0 pavilhão
Verde e amarelo
Manchar-se
Em vermelho-sangue.
O rubro que jorra
Das vergastadas
Infamamente aplicadas
No lombo de mais um filho
Deste pátrio-chão,
Covardemente surrado,
Ate a morte asfixiado!
Brasil, que infâmia, pais
Que não pode ,
No concerto da história,
Depois de ter enlameado
Sua gloriosa trajetória,
Ser chamado
De justo, hospitaleiro,
De pátria
De todos os brasileiros!...
A tormenta explode!
Edita-se o quadro crudelissimo ,
Por demais infame,
De horror que sobremaneira
Qual peste se alastra
Sobre a terra brasileira --
Um novo
\"Porão,
Apertado,
Infecto, imundo, o arrasta
No turbilhão
De misérias
Ao Navio Negreiro\"
Da época inglória
Da escravidão,
Que a memória
Deste torrão avilta -
E à gente pobre brasileira,
Escrava desta triste nação,
Continua ainda,
Gigante adormecido
Aos queixumes !...
0 pobre povo
Sofre, coitado:
Amordaçado, manietado,
Entregue à própria sorte --
Acorrentado à sua infeliz
Sina
De um viver que é morte
Em vida --
Padecendo de fome,
Sucumbindo à privação
De necessidades
Básicas em danação
Que embrutece, alucina!....
Impotente ,
Escravizado,
Que não vive, vegeta,
Enquanto mais infâmias
Se projeta
Contra essa pobre gente!
Pindorama , vivendo
Ainda na escravidão!
Dando margem
À perpetuação
De crueldades!
Seu pavilhão
Auriverde,
Transmudou-se em rubro,
Vermelho-sangue
De alguns filhos
Deste pátrio-chão ,
Chicoteados ate a morte,
Ou assassinados
Por asfixiação,
Enquanto assiste passivamente
À tamanha atrocidade
Que aqui campeia
Vez ou outra, e enlameia
Sua história Brasil:
Manchada pelo
Sangue inocente,
De sua pobre gente!