Amanheceu...
Graças dou a Deus...
Ainda na cama deitado...
Pensei no que iria hoje fazer...
Levantei...
Tomei um banho...
Me vesti...
Me perfumei...
Algunns exercícios na praça eu fiz...
Só eu e os pombos...
Junto a igreja matriz...
Resolvi caminhar...
Sem rumo...
A me levar...
Por calçadas esburacadas andei...
Cachorros abandonados, sem donos...
Passei...
Me olhavam com olhos de tristeza...
Não sabiam sorrir...
Mas balançavam seus rabos com firmeza...
Alguns choraram...
Desejando um simples afago...
Meus caminhos me levaram...
A um lugar escondido no passado...
Com crianças brincando...
Enquanto bem ao longe...
Ouvi um sino tocando...
Já não mais vi...
Senhoras debrucadas em suas janelas a sorrir...
Tudo fechado...
Um deserto consumado...
Algumas flores tristes...
Varridas pelo vento...
Soprando ...
Trazendo de longe...
Esse estranho sentimento...
Conversei com o presente...
Que me confessou com receio...
Disse estar alheio...
Com o futuro incerto...
As pedras hoje não estão azuis...
Como o céu estão cinzentas...
E a fina garoa que cai...
Me faz apertar o passo...
Sem olhar para trás...
Andei por todas as ruas...
Que de minha infância pude lembrar...
No peito, com saudades...
Pude sonhar...
Sonhar com as estrelas ...
Que agora eu não as via...
Mas sabia que estavam lá...
Se a gente não sonhar...
Não vale a pena viver...
Sandro Paschoal Nogueira
http://conservatoriapoeta.blogspot.com