Em dois mil e vinte...
Nunca conversei tanto comigo
Foram vários monólogos
Muitas vezes longos.
Fui psicólogo de mim
Senti muitas saudades
Solidão, melancolia
Dei-me conselhos
As vezes me fiz terapia
Sofri calado e depois sorri.
Em dois mil e vinte
Fui até o meu mais profundo íntimo
Da dor ao medo
Da doença a esperança
Busquei o remédio em mim
Andei sozinho várias vezes
Olhei para o horizonte
Daquela realidade bifronte
Em dois mil e vinte
Escrevi versos pra mim
Escutei meu silêncio
Sonhei contra o pesadelo
Fugi para não vê-lo
Foi aí que amanheceu
E apareceu em mim o amor
Pela minha humanidade
Vontade de viver
De gritar com vontade
O que me foi óbito
O que me foi partida
O que me sangrou ferida
De um ano ingrato
De um calo no sapato
Mas não me levou a vida.