Ainda resta, de verdade,
Muitas coisas na cidade
Que não deixam te esquecer
Por exemplo, hoje, cedinho,
Ao ver no fio dois pombinhos
Se perdendo em seus carinhos
Me lembrava de você.
Ainda resta aquelas cenas
Dos filminhos no cinema
Ao meu lado á se espremer
A pipoca se espalhava,
Mas, quem que se importava?
Em todo o filme que passava
Minha atriz era você.
Ainda resta a igrejinha,
Onde jurou sempre ser minha
E eu jurei, teu sempre ser.
O repicar lento do sino,
Parece dizer que o feliz menino
É hoje, num amargo destino,
Homem triste sem você.
Ainda resta a escola,
E os amigos de outrora
Me perguntam o porquê
Estar sempre pensativo
Lhes respondo o motivo
Mas não sabem como vivo
Sem notícias de você.
Ainda resta o festival,
Fim do ano, e o natal,
Sem ninguém pra me escrever
Entre tanto colorido,
Olho o céu, faço um pedido
Mesmo sendo imerecido
Por presente ver você.
Ainda resta a esperança,
Que o sonho de criança
Venha um dia acontecer
A cidade, tão modesta,
Neste dia terá festa
Pois aqui, ainda resta
Alguém que espera por você.