Queria que soubesse quem encontrei
que, aliás, tá muito ligada à você !
abandonada, empoeirada, bem sei
a minha velha máquina de escrever
Ao revê-la, me senti envergonhado,
e bem sabia, que não iria responder;
Claro, apenas um objeto inanimado
mas lhe disse: que saudade de você
Tirei-lhe o pó, coloquei-a sobre a mesa
jamais achei que isso fosse acontecer
enroscada ao rolo, vejo, com tristeza
a última carta que encrevia pra você
Rodei sua alavanca com sentimento
senti que a engrenagem quis gemer
como se chorasse nesse momento
junto comigo, de saudades de você
Tirando a folha tremendo de emoção
com nó na garganta comecei a ler
no cabeçalho, como era a tradição
escrevi: amor, que saudades de você
Era a última carta que escreveria
pedindo seu perdão esperando receber
minha vida triste, mais nada me valia
pois eu sofria, de saudades de você.
A tinta, úmida, na fita enrolada
como se assim, me fizesse entender
que foram tantas lágrimas derramadas
quando escrevia, com saudades de você
Nas teclas negras cada letra se mistura
parecendo que por si querem te escrever
quando estão, porém, a meia altura
retrocedem, de saudades de você
Recordo por que a carta não conclui
sem palavras vendo o dia amanhecer
o sol nascia, e enquanto adormecia
num sonho morria, de saudades de você