Marcelo Veloso

DESMONTE O RESSENTIR

Muito se fala e pouco se consome,

em uma linha na escala, de um escasso pronome,

refletindo no olhar, uma faísca de orgulho,

que num parco chorar, é um insinuar de engulho.

 

Dos gestos que faz, de pronto, na face revela,

como um disfarce sagaz, pra vida que se atrela.

E no rompante amargo, de uma decisão silente,

passa, sofrível, ao largo de uma atitude latente.

 

E entoando um assunto, com risco e cisão,

consome-se no vencer junto, sem nenhuma reação,

dando aspereza ao fato, que a verdade oculta,

como um ser abstrato, de uma sanha estulta.

 

Por toda solipsa causa, há uma busca de ajuda,

num ressoar que pausa, que ofusca e muda,

e joga no ralo da lucidez, o amargor do persistir,

para que o abalo na altivez, não seja a dor do ressentir.