Decifra-me bem,
novo amor.
Me devora, mas devagar
Como quem lê Adélia
Numa tarde de sol manso
Em grama rasteira e úmida.
Me bebe, mas suave
Em cálice tinto
De olhos fechados.
Leia-me em um grafite
Num papel amassado
Pelo tempo
Pelo vento
Recita um poema
Sem pontos
Me costurando em versos.
Escreve no meu peito
Suas promessas
E dizeres a giz
A que veio
Tua mira
Sua rima.
Decifra-me bem,
novo amor.
Mas fique.
Kermerson Dias