Como Narciso, estou a contemplar a criatura no espelho do rio
Mas diferente dele, não estou contemplando minha infinita beleza, a qual não possuo
Tento ver algo mais, ver minha alma.
Ela repousa,
Dorme na margem do rio, do lado contrário ao meu
Ao me ver, ali observando-a
Chama-me, mas não consigo ouvi-la
Estica-se, mas não consegue me tocar
E então geme, mas não consigo consolá-la.
É nítido seu sofrimento, por não conseguir se libertar
E eu também choro,
Meu corpo ainda não é seu lar, precisa transcender, para te abrigar.