JUCKLIN CELESTINO FILHO

PÁSSAROS DE FOGO

Da minha torre de comando,

Espio a medo,

Os pássaros de fogo,

Num voejar desembestado,

Cruzarem o espaço,

Em vôos rasantes,

Despejando destruição e mortes. 

Tento abstrair, da minha 

Retina pasma, o horror

De ver cruzando o espaço,

Gigantescos pássaros de aço,

Concebidos para o bem,

Projetados para voar,

Galgar o infinito,

Conduzindo pessoas 

A seguros itinerários ,

Transmudados hoje , porém,

Em aves de mau-agouro,

Mochos funerários

Que da tormenta -- indiferentes

Às dores e lamentos,

Assistem passivamente,

Aos aís de tormentos,

Aos clamores  pungentes,

Ao ecoar de terrível grito!

É que, sacode-se na campa,

Freme de dor,

Santos Dumont, seu inventor,

Morrendo novamente,

Aos vê-los , desvirtuados,

Pássaros malvados,

Despejando bombas 

Sobre pessoas inocentes!