Da minha torre de comando,
Espio a medo,
Os pássaros de fogo,
Num voejar desembestado,
Cruzarem o espaço,
Em vôos rasantes,
Despejando destruição e mortes.
Tento abstrair, da minha
Retina pasma, o horror
De ver cruzando o espaço,
Gigantescos pássaros de aço,
Concebidos para o bem,
Projetados para voar,
Galgar o infinito,
Conduzindo pessoas
A seguros itinerários ,
Transmudados hoje , porém,
Em aves de mau-agouro,
Mochos funerários
Que da tormenta -- indiferentes
Às dores e lamentos,
Assistem passivamente,
Aos aís de tormentos,
Aos clamores pungentes,
Ao ecoar de terrível grito!
É que, sacode-se na campa,
Freme de dor,
Santos Dumont, seu inventor,
Morrendo novamente,
Aos vê-los , desvirtuados,
Pássaros malvados,
Despejando bombas
Sobre pessoas inocentes!