Adrian Nilo

O existir negro

 

O que há nesse povo, que causa tanto temor?

O que há em vossas mentes, que possa causar terror?

Oh filhos da terra, mulheres e homens de além

Vós, sois o trigo desta terra

São filhos do café, do chão, do suor.

Como cana, nasce e cresce do labor.

Vós, sois o trigo desta terra,

São filhos da dor, do riso, do tambor

Batuques de atabaques ressoam em seus peitos, que nunca param, nunca descansam, tocam para alimentar sua própria alma.

Vós, sois o trigo desta terra,

O sal deste mundo, a própria luz

Em vão, são chamados de escuridão.

Quem dera eles pudessem ter a escuridão como tema da própria cor, o negro, o vasto infinito, o universo.

Ao céu chegou o vosso clamor, oh povo negro

Não te cales, nunca te escondas.

Sois donos de risos  de agonia,

De olhos que enxergam o esplendor,

De pés que tombam, mas que nunca desfalecem,

De corpos, que sentem o ardor do mundo.