Incomodados com minhas curvas
retificaram minhas margens,
canalizaram o meu leito
e tornaram as minhas águas turvas.
Enquanto corria livre no meu vale,
alternando minhas voltas,
construíram uma cidade
sobre a minha várzea
sem nenhuma piedade.
Cercearam meu bailar maroto,
interromperam meu respirar,
me empurram seu esgoto
e ainda dizem me amar.
Quando me revolto,
minhas águas eu não controlo...
Transbordo!
Portanto, qualquer chuva apertada
vira, logo, enxurrada.
Então, me xingam,
querem me aterrar,
esquecendo que um dia
em minhas águas foram nadar...