Reconheço que tive o meu bom tempo,
Não posso negar que a vida me foi boa,
Toda sentida vez foi sempre atempo
Para que o meu passar não fosse à toa.
Mas eu me consenti tudo a destempo,
E não soube afastar o que destoa,
E tardio percebo o contratempo
De redimir-me a ser outra pessoa.
E prossigo impotente em meu destino...
Incapaz de sentir-me se bem vivo,
Eu sou, porque cogito; mas sem tino,
Inconsciente ao mundo me pressinto
Co\' um mal estar de enfado cansativo,
Ao ponto de julgar-me por extinto.