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Priscila Ribeiro

Vitrine

Percorro as ruas sem compromisso

Avisto de longe tão bela vitrine

Uma perfeita roupa, um belo vestido

Me aproximo com belo sorriso

Acho que combina em mim

Esse belo vestido.

Da porta, então, me aproximo

Espero o convite, entrar, olhar,

Provar, vestir, escolher, levar

Aquele belo vestido.

A porta se abre 

Olhos assim assustados me diz:

Aqui nenhuma roupa 

Lhe cabe, não tem

Sua medida.

Está desmedida, 

Assim sem medida.

Não cabe na forma,

Está dissuadida

Um tanto assim iludida.

Talvez o sapato?

Ou a maquiagem

que falta em meus olhos?

É o batom,

Talvez descolorido?

Será o cabelo 

que despenteado ficou?

Ou o esmalte 

que desfarelou?

Será que a roupa que estou a vestir desbotou?

Será que  o sapato sem que eu percebesse furou?

Será que falta uma marca 

a ser trazida na calça?

Me vejo no tão grande espelho,

Procuro o meu grande defeito,

Não consigo enxergar minha tão grande desformidade.

Os olhos tão assustados se mantém

Cautelosos, aqui não pode entrar,

Provar, gostar, levar, o que vão pensar

Aqueles que estão a te ver lá fora?

Talvez eu vá deformar

Todas aquelas roupas.

Gritar, perguntar, tentar entender onde está 

meu tão grande defeito?

Prefiro sair, sem nada pedir,

Talvez se a roupa me couber,

Descubro que não a deformo,

Mas ela pode, então, 

deformar todo o meu ser.