Familia hoje não chore,
por mim lhe peço aflito.
Depois do sofrimento,
sigo o destino contrito.
O corpo que me prendia,
agora jaz, mero detrito.
Meu espirito liberto.
Deve seguir seu caminho.
Não me atrase com prantos.
Eu lhes peço com carinho.
Libertem-se e me liberte.
Eu vos rogo sozinho.
Agradeço a jornada,
em sua boa companhia.
Perdoe-me eternamente.
Mas peço minha alforria.
Eu sigo em busca da luz,
á abrandar minha agonia.
Para diversas culturas,
a morte é libertação.
Em outras sofrem e choram,
por apego, fé ou compaixão.
Ignoram que a caminhada,
faz parte da evolução.
Tem muitas religiões,
que se apropriam da morte.
Para encutir o medo
e vender passaporte.
Para um céu surreal.
Prefiro arriscar a sorte.
Quando no inferno chegar.
Sei que só vou encontrar,
gente da minha laia.
Que so penou a trabalhar.
Para enriquecer gentalha.
que no céu estão a desfrutar.
Para muitos a Terra,
é um lugar de expiação.
Para purgar os pecados.
Conviver com os irmãos.
Que em outras existências,
colocamos em aflição.
Me livro desse fardo,
pesado mas necessário.
Hoje livre compreendo,
passar esse calvário,
é sina irremediavel.
Do meu viver temporário.
O filho não lhe pertence.
Também não seu marido.
Seja humilde e compreenda.
Não faça tanto alarido.
São empréstimos divinos.
Para o resgate devido.
Encerro pedindo humilde,
De novo o seu perdão.
Te agradeço a oportuna,
chance de minha evolução.
Quem sabe mais tarde lhe encontre.
Como filho, pai ou irmão.
Jessé Ojuara - 2/11/20