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Marçal de Oliveira Huoya

Cartas

Ah, é o tempo,
Triste e engraçado,
Tudo é o mesmo lado,
Alegrias, emoções e contratempos,
O mesmo experimento,
A imagem empoeirada do passado,
Em cartas e cartões ressuscitados,
Cômicos retratos de nossos sentimentos,
Cartões de datas, de doces e ramalhetes,
Amores  incrustados nos bilhetes,
Marcas amareladas de um testamento,
Tudo que era para ser eternamente,
Agora manchado em documentos,
Esquecidos e sepultados para sempre,
Todo o jurado e prometido,
Agora é só um riso entristecido
Uma lágrima que rola inutilmente,
Sangue de quem feriu ou foi ferido,
Pelo amor a quem amou intensamente,
E dizem, o tempo é o melhor remédio,
O tempo é o tédio e a emoção,
O tempo é um remédio imaginário,
Uma dolorosa e inevitável injeção,
Um acontecimento diário,
E é inútil se negar ou resistir,
Um remédio que nos obrigam a ingerir,
Mal aplicou e já é um novo horário,
Mal chegou e já está querendo partir,
Ah o tempo,
Esse Senhor extraordinário!