Anderson Carvalho

CONTOS DA INFÂNCIA (Sonho de menino)

CONTOS DA INFÂNCIA (1)

 

SONHO DE MENINO (ser jogador de futebol)

Leivinha, era seu apelido!                  
Dado por ter cabelos lisos, meio acastanhado, meio louro, queimado de sol, semelhante a um antigo jogador do Palmeiras.
Não gostava, pois era corinthiano \"roxo\".
Mas, não tinha jeito, apelido é apelido.
Corria, jogava bola, era craque.
Canhoto, era o camisa 10 do time, meio campo clássico.
O corpo franzino, não o impedia (e até facilitava) de fugir das pancadas dos zagueiros.
A habilidade e a velocidade os superavam, facilmente.
Passou a ser adorado por uns e odiado por outros.
Esquecia o intervalo para o lanche e corria para a quadra da escola
onde era disputado ( no par ou impar ) para ver qual time o escolheria primeiro.
Sabiam que no time que ele jogasse a vitória seria certa.
Fazia tanto gol, que ao final da partida, tinha que correr direto para sala de aula e torcer para que os garotos esquecessem o placar elástico e a quantidade de gols que fizera, tamanha era a fúria do time adversário, que não conseguia marca-lo e nem conseguia evitar as comemorações provocativas se imaginando um Pelé, um Rivelino, um Jairzinho e outros gênios do futebol da época.
Ao final da aula, corria novamente.
Desta vez, direto para casa,
Com os cadernos embaixo do braço, pulava o muro da escola e saía em desabalada carreira.
Colado aos seus calcanhares, vinha a molecada do time adversário, querendo pega-lo, para faze-lo \"engolir\" as comemorações provocativas e o placar elástico (8X1, com seis gols dele).
Mas, quem o pegava?
Franzino, corria como o vento.
Só parava ao chegar em casa.
Não contava para a mãe tudo que acontecera, tinha medo de apanhar, e essa sim, seria uma surra dolorida.
Pois sabia que as chineladas doíam mais que as pancadas dos zagueiros.
No dia seguinte, começava tudo outra vez.
E aqueles que queriam pega-lo, agora torciam para que ele caísse no seu time.
Porque ele corria, jogava bola, era craque!

 

 

By ANDERSON CARVALHO