Victor Severo

Meio assim, meio assado.

Ando meio assim sem rumo.

Acho que perdi o prumo.

Nessa terra de ninguém.

Pele seca enegrecida.

Boca cheia de feridas.

Bolsos sem nenhum vintém.

 

Ando assim meio tristonho.

Com o horizonte enfadonho.

Que vislumbro à minha frente.

Faz muito tempo não sonho.

Só pesadelos medonhos.

Pululam em minha mente.

 

Ando assim meio absorto.

Meio vivo, meio morto.

Com nojo de tanta gente.

Que fede feito carniça.

Com sua alma de preguiça.

E veneno entre os dentes.

 

Ando assim meio cismado.

Pouco sensibilizado.

Com tanta pobreza moral.

Ostentação de vaidade

Vilania e mediocridade.

Proliferação do mal.

 

Ando assim meio que tonto.

Com tanto discurso pronto.

No velório da verdade.

Que transformada em mentira.

Arde em assombrosa pira.

Triste fim da humanidade.