Hébron

Tempo irreal

 

 

Estou sentindo tanta poesia daqueles tempos de ilhas de nuvens no céu desse frouxo firmamento...

Das estrelas escondidas no azul claro, dos raios e trovões, do sol e da chuva...

Daqueles ventos que não voltam mais...

 

Estou pensando nas eras...

Tantas eras

De quanto mais \'era uma vez\' tivera...

Sem cessar

No somar constante de uma nova história...

No branquíssimo papel, alvo do porvir dos meus alentos...

Dos meus lamentos, dos meus talentos...

 

Estou fechando os olhos para ver

Abrindo o coração para ser

Aliviando a mente para ir

Espargindo perfume para atrair

Fazendo atmosfera de flores

Rememorando épocas fabris

Das saudades febris

Do presente sentimento...

 

Amor intemporal

Lembrança que dói até o amanhã!

A certeza do afeto que reviverá inexorável...

A carente compreensão do atributo divino do tempo

Faz saudosa sensação

Vivo o hoje com a dor do ontem 

E o anseio das dores futuras...

Viajo no tempo das minhas memórias

Das minhas fantasias, prosas, abraços

Afagos, cicatrizes e gostos doces ainda no meu paladar

Revivo o passado até o que não vivi...

 

No presente,

Lanço sementes da saudade adiante

Penso na colheita distante

Mas do agora não me apercebo...

 

Já me explicaram que futuro não existe

Que o passado vivido não persiste

Que apenas o agora é vida...

 

Presente fugaz

Instante divino que sinto apenas na ilusão anacrônica

Ilusão que nos permite sonhar

Divagar livremente, ser infinito...

Estava imaginando, criando, riscando traços

Sem tinta, mas com colorido

Sem telas com limites de borda

Despretensiosamente compreendo que o tempo se faz em reticências...

Onde a realidade é apenas o ponto do instante que acabou de passar e não mais existe...

 

Estou sentindo tanta poesia daqueles tempos de ilhas de nuvens no céu desse frouxo firmamento...

Das estrelas escondidas no azul claro, dos raios e trovões, do sol e da chuva...

Daqueles ventos que não voltam mais...