Amordaçado...
Quando meu eu se derramar para dentro do abismo sem fim.
E no precipitar-se eterno eu acordar e resolver me reinventar.
Vou parir para você o melhor de mim.
Descobrir o quão amargo é viver para te amar.
Insubordinado...
Essas trevas me deixam sossegado.
Se eu por acaso me encontrasse com a luz, sairia de lá derrotado.
Desolado...
Prisioneiro em um coito sem fim.
Meu único alento e saber que vou sofrer ao teu lado.
Asfixiado...
O quadro pintado na janela é sombrio.
O pouco que me faz sonhar é o vazio.
Revoltado...
Quando meu mundo se derramar para dentro do abismo sem fim.
E no precipitar-se eterno eu acordar no meio do teu jardim.
Vou orbitar ao teu redor até derreter a cera de minhas asas.
Me afogar em tuas águas escuras e profundamente rasas.