Marçal de Oliveira Huoya

Cativos

Estes laços de elos tão belos,

Singelos, feitos de aço,

São quase correntes,
Amarrando seus passos,
Ligações permanentes, temporariamente,
São marcas e traços tatuados eternamente?

Até onde beberão da mesma placenta?

De quem será a iniciativa de uma última tentativa,
Ou de uma discussão violenta?

Ou ele continuará prisioneiro

E ela permanecerá cativa o tempo inteiro?

Até quando a escravidão aguenta?

Lembram onde os caminhos se cruzaram,

Mas saberão em que parte da estrada,

Eles se separaram?

Em que trecho da jornada os laços se desataram?

E agora? São tantos os caminhos,

Quem vai embora, com alguém ou sozinho?

Quem é que ri, quem é que implora,

Quem vai chorar baixinho?

Logo irão encontrar quem quiser se arriscar,

Com algum sentimento, por sorte e por acaso,

Por erro ou experimento, no avanço ou no atraso,
O ponto exato de um outro cruzamento,
Outra história, outro relato,
Almas de outro temperamento,
Gatos lambendo seus ferimentos,
Todos tendo de aceitar o fato,
Que as feridas se fecharão com o tempo...