Palavra
Que revela
Mas não desvela
Deixa o mistério
No ar
O assassino da novela
Cada um com seu critério
Para decifrar
Vai da vida de cada qual
Tiradentes ou Silvério
Nem todo bem
É do bem
Nem todo mal
É do mal
Tudo pode ser acidental
Cada um pensa
O que lhe convém
Nada é de ninguém
E por isso poesia é vital
Deve ter sangue nas veias
A palavra deve ser total
A sensação
Não deve ser meia
Pulsar com as artérias
A vida num sinal
Ritmo, som, fluxo,
Sopro de vida da matéria
Num vendaval
Não deve cultivar rima escrava
Só para agradar o Senhor
Tem que ser lavra
Pois o Poeta é lavrador
Tem que saber usar a palavra
Com sentimento e calor
Mas o Poeta é um enganador
Parece ser quem não é
Para confundir
E intrigar o leitor
Que lendo
Pensará no que quiser
Interpretará o que for
Mas sem emoção
Não tem ilusão
Sem a alma de menino
E o ofício de ator
O mundo inteiro ficará albino
E sem ter paixão
Nenhuma tela tem cor...