Marçal de Oliveira Huoya

Revelação

Palavra
Que revela 
Mas não desvela 
Deixa o mistério 
No ar
O assassino da novela
Cada um com seu critério 
Para decifrar 
Vai da vida de cada qual 
Tiradentes ou Silvério 
Nem todo bem
É do bem
Nem todo mal
É do mal
Tudo pode ser acidental 
Cada um pensa 
O que lhe convém 
Nada é de ninguém 
E por isso poesia é vital 
Deve ter sangue nas veias 
A palavra deve ser total 
A sensação 
Não deve ser meia
Pulsar com as artérias 
A vida num sinal
Ritmo, som, fluxo,
Sopro de vida da matéria 
Num vendaval 
Não deve cultivar rima escrava 
Só para agradar o Senhor 
Tem que ser lavra 
Pois o Poeta é lavrador 
Tem que saber usar a palavra 
Com sentimento e calor
Mas o Poeta é um enganador
Parece ser quem não é 
Para confundir
E intrigar o leitor 
Que lendo
Pensará no que quiser 
Interpretará o que for 
Mas sem emoção 
Não tem ilusão 
Sem a alma de menino 
E o ofício de ator
O mundo inteiro ficará albino
E sem ter paixão 
Nenhuma tela tem cor...