Débora

É suicídio, seu Zé.

Tu achas que submergir te leva ao colapso

mas não vê que mesmo com os pés na terra te falta ar.

 

A água não te leva, não, seu Zé.

Tu já vais só.

 

Depois,

Tu vens e me diz que é capaz de submergir nas tuas próprias lágrimas.

– aqui é morte lenta, não vê? –

 

Ô seu Zé, o que é mais uma onda quando

tu já estás devastado pelo tsunami que tu mesmo crias?

 

Zé, faz inveja não que aqui é sertão a tempos.

– nem lágrima brota mais –

 

E não vem achar que por isso sou cacto

que te digo: me falta espinho.

 

Seu Zé, se tu queres ficar aqui para não sofrer colapso.

Eu já fui.

 

Tu vens depois.