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Elfrans Silva

IMBRÓGLIO

O rio inconstante que leva meu barco 
reflete meu rosto informe em seu leito 
Os traços revelam -no ora amargo,
ora feliz, vez por outra, imperfeito
 
O azul celeste, como um pano de fundo
esconde a sujeira como um cobertor 
dentre mistérios e os lixos do mundo 
confunde a imagem real, do impostor
 
O amargo denuncia pesar na lembrança 
do amor desmedido que o tempo apagou 
A mesma imagem denota, pela nuança
o sofrer imerecido que meu rosto marcou
 
Quem sabe num lapso, o momento feliz 
misturado aos douros raios do sol-posto
seja enúncio de que a tristeza contradiz
o coração alegre que formoseia o rosto 
 
No misto das águas, destarte, imperfeito 
nem tudo é sofrer e nem felicidade ;
Pra tudo na vida Deus tem o seu jeito,
seu tempo,  sua luz, se houver lealdade 
 
O destino reclama ter lucidez e juizo;
O novo horizonte abrange outro dia 
e vou pelo rio cujo curso impreciso 
por vezes dirá que nem tudo é alegria 
 
Que importa isso se seguro chegar ao cáis
mesmo sendo enganosas essas águas ?
Neste imbróglio alternado de aflição e paz 
Viverei as alegrias e ignorarei as mágoas.