Chico Lino

ADEGA DE SONHOS

ADEGA DE SONHOS
Chico Lino

Para Cecília Consentino

Meus sonhos
Onde deixei
Os irrealizados?

Engarrafei todos

Os dispus na adega
Da memória

Inadivertido
Não foram bem lacrados
Os vasilhames

Hoje, claudicante
Desço os degraus empoeirados
Da adega de sonhos

Que antes
Tão perfumados
Adormeceram

Como vinho
Mal envasado
Tornaram-se em vinagre

Que vou usando
Na salada mista
Que é a vida