Helio Valim

Almas em conchas

 

Vivendo como almas,

dentro de conchas,

presos em bolhas,

cultuando velhos traumas.

 

Reclusos em seletos mundos,

percorrem longas vielas

até o seu fim em becos imundos,

romantizados em higiênicas novelas.

 

Miséria casualmente consumida

por de famílias de bem,

que nos fins de noite reunidas,

consomem a realidade distorcida.

 

Alienados por padrões exóticos,

creem que o real

é o simplesmente normal,

embalados por doces narcóticos.

 

Inebriados por sonhos liberais,

deleitam-se com pobres ideais,

tão ultrapassados quanto frugais

mas, felizes com a ilusão de paz.