Se da vida eu levar parte tão frívola,
Saberei que te amar não fiz direito:
Pois teu cheiro, fragrância tão divina;
Pois tuas vestes, mantos de algodão;
Pois teus cabelos, mares infinitos;
Pois tua face, humano espelho nosso;
Nada mais são que dádivas de Deus...
Mas longe de ti fico, tão sozinho
Em frente dos demônios do passado!
Áureos tempos, douradas esperanças,
Rubros olhos, que choram de alegria:
Tudo existe no eterno sofrimento
De não poder mais ver as maravilhas
De antes, depois do nascimento teu...
Se da morte eu trouxer alma tão séria,
Saibas que te deixar não quis, jamais...
É que lá, donde o mar nasce, nada há
Além de praias negras, nas quais faço
Penitência, esperando tu cruzares
A fronteira do Amor, tão verdadeiro,
Que só mesmo invisível p’ra ser visto!