JUCKLIN CELESTINO FILHO

O PERDÃO TÃO ESPERADO

Bem sabes que na quadra 

Do momento, não poderás

Tomar à força, o que queres

De bom grado

Receber: ser amado!

 

Não podes olvidar

O que fizeste!

Não basta quereres 

Que te amem,

E que de papai te chamem,

Impondo que te deem

O amor que aos teus

Filhos nunca deste.

 

Não se cura com tardio afago

No peito , a ferida!

Não te envergonhas,

Nunca teres demonstrado,

Um pouco de afeto,

Aos que sempre estiveram 

Presentes em tua vida?

Renegaste aos que, devias

Ter amado

Com fervor,

Deixando-lhes órfãos de amor!

 

Se ainda insistes?

Não sei declamar versos

Lacrimejantes de piedade,

Nem dourar a pílula,

Amaiando a tempestade!

 

É  morta a ilusão

De bem-querência,

Na incoerência 

A que te aplicas com denodo,

O engodo 

De deitares falatório tão piegas,

Jurando amor, coisa que renegas!

 

Por que arrancar do galho

Ainda molhada pelo orvalho,

A linda flor, se morrerá 

Triste, abandonada,

No jarro, aprisionada?

 

De escárnio, não sorrias!

Bem sentes, pai ,  a dor 

Da associação 

Que teus filhos fazem do amor 

Que a eles, negaste:

O fracasso da afeição 

Que não sentias !

 

O tempo não corre desembestado,

Qual lebre veloz, audaciosa.

Não foge desesperado.

Se bem escolheres,

Ainda dá tempo de colheres,

Do  perdão -- a  linda rosa!

 

Vai!

É o gesto de ti, pelos teus 

Filhos, há muito, almejado!

Pai , 

Eles ansiosamente o aguardam 

De braços abertos ,

Para o perdão tão esperado!