Bem sabes que na quadra
Do momento, não poderás
Tomar à força, o que queres
De bom grado
Receber: ser amado!
Não podes olvidar
O que fizeste!
Não basta quereres
Que te amem,
E que de papai te chamem,
Impondo que te deem
O amor que aos teus
Filhos nunca deste.
Não se cura com tardio afago
No peito , a ferida!
Não te envergonhas,
Nunca teres demonstrado,
Um pouco de afeto,
Aos que sempre estiveram
Presentes em tua vida?
Renegaste aos que, devias
Ter amado
Com fervor,
Deixando-lhes órfãos de amor!
Se ainda insistes?
Não sei declamar versos
Lacrimejantes de piedade,
Nem dourar a pílula,
Amaiando a tempestade!
É morta a ilusão
De bem-querência,
Na incoerência
A que te aplicas com denodo,
O engodo
De deitares falatório tão piegas,
Jurando amor, coisa que renegas!
Por que arrancar do galho
Ainda molhada pelo orvalho,
A linda flor, se morrerá
Triste, abandonada,
No jarro, aprisionada?
De escárnio, não sorrias!
Bem sentes, pai , a dor
Da associação
Que teus filhos fazem do amor
Que a eles, negaste:
O fracasso da afeição
Que não sentias !
O tempo não corre desembestado,
Qual lebre veloz, audaciosa.
Não foge desesperado.
Se bem escolheres,
Ainda dá tempo de colheres,
Do perdão -- a linda rosa!
Vai!
É o gesto de ti, pelos teus
Filhos, há muito, almejado!
Pai ,
Eles ansiosamente o aguardam
De braços abertos ,
Para o perdão tão esperado!