É noite. O céu encoberto 
 Encontra o perfil dos montes. 
 Aqui, eu e meu deserto
 Sereno, claro, concreto
 E além, os meus horizontes. 
 
 Não há um só movimento
 No quadro desta janela.
 O tempo passando lento
 Triste assobio do vento 
 E eu aqui de sentinela.
 
 Cismando, ergo meu o olhar
 A paisagem se transformou 
 Há uma estrela a brilhar 
 A palidez do frio luar
 Minha rua iluminou.
 
 Além, sombras se movendo
 Buscam na noite um abrigo.
 Aqui, os sonhos morrendo
 Um a um vão -se perdendo 
 Quem me dera estar contigo.