Zaira Belintani

Espera

É noite. O céu encoberto
Encontra o perfil dos montes.
Aqui, eu e meu deserto
Sereno, claro, concreto
E além, os meus horizontes.

Não há um só movimento
No quadro desta janela.
O tempo passando lento
Triste assobio do vento
E eu aqui de sentinela.

Cismando, ergo meu o olhar
A paisagem se transformou 
Há uma estrela a brilhar
A palidez do frio luar
Minha rua iluminou.

Além, sombras se movendo
Buscam na noite um abrigo.
Aqui, os sonhos morrendo
Um a um vão -se perdendo
Quem me dera estar contigo.