Aquele dia,
Lembro apenas da visão
Eu olhava para a enfermeira, (Sueli, era esse seu nome)
De forma que ela entendesse que eu precisava de ajuda
O que lembro, é apenas o que vi,
Enfermeiros a minha frente,
Apontavam para os cortes no meu braço esquerdo
Sinalizavam com a mão para que eu me acalmasse, em vão
Apenas essa visão, restou em minha memória
E o olhar de Sueli, aquele olhar de compaixão,
Como se também pudesse sentir a minha dor, a dor da alma
Apenas isso, como se eu estivesse presa em uma cena de cinema mudo.
Pois o grito, que outrora havia ecoado por todo o hospital
Se silenciou, se perdeu entre milhões de átomos, entre metros de vácuo
Mas ele nunca parou, nem perdeu força
Não consigo ouvi-lo,
Mas está “lá” dentro,
E uma hora, ele vai ressoar no mundo, pela última vez.