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JUCKLIN CELESTINO FILHO

DINHEIRO NA BUNDA DO SENADOR (15/10/20)

-- Quantos dias sem corrupção. 

Observa a nuvem  cinzenta. 

Exclama a lua em reclamo:

-- Prezada nuvem desgarrada,

Distinta senhora, escuta:

Não vê a tremenda arapuca?

Corrupção dizem não ter mais 

Há quase dois anos,

E até deblateram com ênfase:

Esse troço , não acontece aqui !

Contrapõe o Infante Loiro:

-- Ora, Deusa Prateada!

Essa lenga-lenga que repetem 

À  exaustão,

Instantes a instantes,

Num traviar destrambelhado,

Olvidando \"rachadinhas,

Rachadonas, ( negócio familiar

De há muito tempo no ramo),

Imensas rachaduras,

Descomunais fissuras 

Na base estrutural,

Descortinando o lodaçal 

Do baixo-clero, a reverberar

Em todos os quadrantes,

Do Oiapoque ao Chauí!

E ainda, cínica

E  desavergonhadamente

Batem o bumbo,

De serem fiéis escudeiros

Pela moralidade 

E bons costumes,

Paladinos na luta 

Contra a malversação pública !

 

-- Jabulão,  você falastrão,

A deitar palavreado desconexo,

Por que ante tudo ,

Faz cara de paisagem, fica mudo?

O que aconteceu?

O circo pegou fogo,

Queimando mais,

Quem já estava queimado?

As labaredas levaram de rondão

A conversa mole que agora 

Nao tinha mais corrupção,

Que viviamos em um paraíso,

Onde nao havia espaço para ladrão !

-- Ora, ora, Tidão !

As águas correm do rio

Para o mar,

Não do mar para rio.

Todo boqueirãoo 

Rola impreterivelmente,

Rola seguramente,

Expondo, sem se importar 

De quem seja a sujeira:

Se do pobre, do rico, ou do Rei!...

Vai rolando...rolando...ligeira!

Neste show de loucos, o que ocorreu,

Ao tirarem a prova dos nove fora?

Responde a brisa,

Suavemente soprando :

-- Além do dinheiro escondido

Na cueca , na bunda

Do parlamentar,

Também tinha muita grana

Sim  senhor! 

Que corra Antoquito,

Chore de vergonha, Raimunda!

No angu, deu bororó!

Que desatem o nó !...

Não foi encontrado 

Apenas dindim na cueca. Foi achado 

Também jabaculé , no bumbum 

Do senador!

 

 

 

I