-- Quantos dias sem corrupção.
Observa a nuvem cinzenta.
Exclama a lua em reclamo:
-- Prezada nuvem desgarrada,
Distinta senhora, escuta:
Não vê a tremenda arapuca?
Corrupção dizem não ter mais
Há quase dois anos,
E até deblateram com ênfase:
Esse troço , não acontece aqui !
Contrapõe o Infante Loiro:
-- Ora, Deusa Prateada!
Essa lenga-lenga que repetem
À exaustão,
Instantes a instantes,
Num traviar destrambelhado,
Olvidando \"rachadinhas,
Rachadonas, ( negócio familiar
De há muito tempo no ramo),
Imensas rachaduras,
Descomunais fissuras
Na base estrutural,
Descortinando o lodaçal
Do baixo-clero, a reverberar
Em todos os quadrantes,
Do Oiapoque ao Chauí!
E ainda, cínica
E desavergonhadamente
Batem o bumbo,
De serem fiéis escudeiros
Pela moralidade
E bons costumes,
Paladinos na luta
Contra a malversação pública !
-- Jabulão, você falastrão,
A deitar palavreado desconexo,
Por que ante tudo ,
Faz cara de paisagem, fica mudo?
O que aconteceu?
O circo pegou fogo,
Queimando mais,
Quem já estava queimado?
As labaredas levaram de rondão
A conversa mole que agora
Nao tinha mais corrupção,
Que viviamos em um paraíso,
Onde nao havia espaço para ladrão !
-- Ora, ora, Tidão !
As águas correm do rio
Para o mar,
Não do mar para rio.
Todo boqueirãoo
Rola impreterivelmente,
Rola seguramente,
Expondo, sem se importar
De quem seja a sujeira:
Se do pobre, do rico, ou do Rei!...
Vai rolando...rolando...ligeira!
Neste show de loucos, o que ocorreu,
Ao tirarem a prova dos nove fora?
Responde a brisa,
Suavemente soprando :
-- Além do dinheiro escondido
Na cueca , na bunda
Do parlamentar,
Também tinha muita grana
Sim senhor!
Que corra Antoquito,
Chore de vergonha, Raimunda!
No angu, deu bororó!
Que desatem o nó !...
Não foi encontrado
Apenas dindim na cueca. Foi achado
Também jabaculé , no bumbum
Do senador!
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