Abel Ribeiro

De amor e de esperança a terra sofre

As margens plácidas fumaceira

Linda ariranha em perigo

Procura-se um abrigo

Água, água, água...

Refresca aquele inferno

Inverso à vida do inverno

 

Vida, vida, vida...

Da terra a chama já consome

E o homem que a soterra

Enterra muitas vidas

Pobre onça ferida

Atrás de abrigo

Em busca de guarida

 

Solo és mãe gentil

Pátria queimada Brasil

Nunca se viu

Tanto fogo e fumaça

O Pântano pantanoso pariu

O pantanal da arruaça

Aquele animal na desgraça

Agora passa mal

Esperando mais uma graça.

 

Estão matando nossas matas

Desmatando na fumaça

Asfixiando com mamatas

E a Arara diz rrresgata

Quando o sinistro ministro

Voa por cima da mata.