Partiu
Foi-se, como passarinho
Que abre as asas, e do ninho
Voando, plainando devagarinho...
De repente pelo céu anil se vai...
Pássaro frágil, na boca o riso fácil
No olhar, a lágrima que não cai...
Não viveu para si
Para outros, consistiu seu existir
Não se ouviu um único ai...
Via-se, embora houvesse luz
Há muito, apenas sobrevivia
Faltava-lhe o sopro de vida
A chama tênue, aos poucos, extinguia
Não havia cansaço no pouco espaço
E no coração que apanha...
A força se esvai...
E a andorinha-do-campo
De olhar miúdo e andar manco
Abre as asas, volta para casa... Vá, em paz...