em uma casa velha de papelão
a cada passo dado
maior o grau de fragilidade
para que tudo desmorone
vocês vão vir comigo?
ou vão ficar?
entre os escombros
com vários cortes pelo braço
ao redor de vocês existem vários monstros sem rosto
mas alguns são de grotescos até letais
prontos para dançarem com as facas
e brincarem de mímica exibida na parede por uma vela acesa
a pele de vocês tem cascalho
e eu sou feita de titânio
eu quase arranquei meus cílios
eu quase tentei respirar com as vias respiratórias estagnadas
mas minha poção secreta me restaurou
agora a decisão de permanecer com esses males dando risada de nós
está em vossas mãos
porque eu cansei de ficar presa aqui
nessa caixa que o mágico esqueceu de destrancar
mas eles me fizeram quebrá-la
e que se dane o frio na barriga
eu só quero ir embora
e se as rodas do carro de vocês
não foram capazes de riscar o asfalto por mim
vou correr com minhas botas de cano alto
eu não sou de vocês
nem podem me ofertar e reservar nos contêineres
tem shampoo, vinagre e álcool líquido para serem
acrescentados ao incêndio que o desejo mais possesso de vocês causou
façam uma festa do pijama com esses monstros
no estilo presídio no alto do morro
porque é aí que vocês querem definhar
mas agora é minha vez de desbravar esses terrenos
e decorar todos os pedágios
como frankenstein ou a valente viva irrefreável
enquanto vocês negam passeios para esses monstros
e os acordam às cinco da manhã com o som da furadeira
eu estou no topo de um ônibus
cravando unhas como as do Wolverine
então corram dos tratores
e dancem sob os raios no terreno baldio