Shmuel

Rever

 

É preciso  conhecer
as pessoas, além das primeiras camadas,  e ler seus pergaminhos,
Tentar reconhecer  nas entrelinhas, 
o ser por trás da pena,

É preciso rever os conceitos,
rever os amigos,
Dar um oi para o passado,  
Rever os antepassados
nos parques arqueológicos,
e dizer: ei, eu trago seu dna comigo, sabia!

É preciso dar uma passada
na casa da tia, esquecida a décadas,
e comer seus bolinhos de chuvas,
Aproveitar e resgatar de cima do guarda-roupa as tais  fotográfias,

É preciso ter risos frouxos,
para não constranger o palhaço,
É preciso paciência, na arte de se relacionar
com os animais da mesma espécie,

É preciso andar nas calçadas,  arriscar uma dancinha, dar uns pulinhos,

como se houvessem amarelinhos imaginários rabiscados no chão,

Sei que não tenho pensamentos tão ordenados,
e nem um olhar  lânguido que traz uma plena sensaçao
de segurança,
como o olhar do cachorro amigão, latindo madrugada adentro,
enquanto seu dono, tenta em vão se recuperar de uma lesão emocional , que o persegue através dos séculos.